segunda-feira, 21 de junho de 2010

MULHER-MÃE

Outro dia fui convidada para fazer uma palestra para um grupo de mães em uma Casa espírita, e foi muito interessante as reflexões que fizemos.
Os objetivos eram contribuir com as mães dessa casa espírita, sobre o papel de mãe, particularmente em relação ao sentimento de Resolvedora de todos os Problemas da Família versos o sentimento de culpa que aparece quando não consegue fazê-lo.

O ponto inicial é o Papel da Mulher perante a sociedade.
Tudo o que se espera de uma Mulher, e o que não se espera que ela faça.
Toda mulher precisa, necessariamente, ter noções de cozinha, arrumação de casa, educação, paciência, compreensão, perdão, meiguice, beleza, calma, moda, roupas limpas e bem passadas, união da família, saber mandar, pedagogia, para poder ensinar os filhos na lição de casa, ser sensível, inteligente, bonita, magra, econômica, ajudar o marido, e muito mais....
Como mulheres, temos algumas coisas a cumprir, temos expectativas a preencher, que foram criadas, antes mesmo de nascermos.
A cultura, como nos organizamos economicamente, são determinantes do jeito que somos educadas, e mesmo que sejamos rebeldes, ainda sim, traremos conosco esses traços da cultura do nosso tempo.
Nos dias atuais, particularmente para as mães a partir de 30 anos, o peso da cobrança, da insegurança, até mesmo da incoerência, é uma marca inconfundível. Quantas de nós, em muitos momentos não sabemos o que fazer como agir, qual é a melhor decisão.
Por um lado, fomos criadas para outro jeito de viver, que não corresponde em quase nada com o que está na sociedade. Por outro lado, nossos filhos, que estão nesse mundo de meu Deus, trazem cobranças, questionamentos, dúvidas, exigências, que não sabemos como resolver. Nunca houve uma geração tão cobrada, tão colocada na parede.
Diferente de nós, nossos filhos, não aprendem com um olhar, com um assobio, com uma ordem. Eles não são sensíveis por esses sinais. Eles querem muito mais! Querem coerência, querem atenção, cobram comprometimento de cada uma de nós. Muitas vezes, mais do que conseguimos agüentar.
E não são só eles!
Somos apertadas pelos maridos, para que sejamos bonitas, inteligentes, donas de casa, boas mães, e que tragamos dinheiro para casa a fim de colaborar com o orçamento.
Como profissionais, somos exigidas até o sangue, um pouco para provarmos diariamente que somos capazes, outro porque queremos criar imagem de Eu Consigo.
Essa Imagem é um dos pontos que nos escravizam. Que nos amarram nos preconceitos, nos juízo de valores, no que deveria ser, e não no que é de fato.
Criamos em nós, através do que nossas mães ensinaram, pelos livros, pelas histórias, pelas nossas vivências, que toda Mulher tem que ser mãe. Que toda mãe tem que amar seus filhos incondicionalmente. Que esse amor, significa cuidar, proteger, encaminhar, e até mesmo controlar suas vidas.
Que temos obrigação de saber mais do que eles, de antecipar os problemas e evitá-los.
No nosso dia a dia sabemos que tudo isso não é toda verdade.
Existem outros sentimentos e outras ações misturadas a esses tão exigidos e esperados de nós.
Não sabemos tudo. Temos muito medo e insegurança de errarmos em nossas decisões.

Não estamos sempre dispostas a nos dedicar ao filho todas as nossas horas, dias, semanas, meses e anos. Também queremos cuidar de nós! Sentimos saudades de ficarmos sozinhas, de dormir até tarde, de chorar um pouco, de pedir colo, de ser cuidada.
Não fomos preparadas para ser mãe.
Não temos a menor noção do que isso significa, a não ser quando os professores nos acusam que não estamos cuidando corretamente de nossos filhos. Com os olhos cheios de lágrimas e com um aperto no estômago, perguntamos: Como assim?
O que devo fazer?
Se deixo fazer tudo, não está certo.
Se exijo disciplina, também somos muito radicais.
Se damos tudo que pedem estamos criando filhos mimados.
Se não o fazemos somos negligentes!
O que devemos fazer?
São raras as vezes que sabemos com segurança.

Essa é a mãe moderna.
Aquela que tem um monte de medos, de insegurança, de equívocos, de vontade de acertar.
Aquela que aprende a amar seu filho, no dia a dia, a cada experiência vivida.
Aquela que sabe que viemos juntos porque temos algum comprometimento e que, portanto, temos muito que aprender juntos! Que tanto vai ensinar como aprender com o seu filho, desde o momento de seu nascimento.
Aquela que acredita no diálogo, na troca de vivências com seu filho, porque sabe que ele não tem a idade que aparenta ter, mas que seu espírito é muito mais velho, e que pode sim, ter opiniões e idéias tão ou melhores do que a sua.
Aquela que acredita que a família é a primeira escola para a Evolução e que sabe, que é dentro dela, nos relacionamentos que vai se dar a maior parte da nossa evolução.
Aquela que desenvolve a paciência, a calma, a generosidade, em aceitar os Espíritos que vierem como nossos filhos. Assumindo a nossa parte na evolução de todos.
Aquela que não se sente a dona da verdade, muito pelo contrário, sabe que precisa dos filhos, do marido, dos amigos, de todos para que consiga superar os desafios.
Aquela que sabe que filhos e Mães são companheiros de viagens e precisam um do outro para Evoluir.

Deise Fernandes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário